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sábado, 23 de novembro de 2013

Homenagem a um Grande Campeão

Eduardo Lopes - Foto de B.Mateus (1938)

2013 foi um ano marcado com a recordação e a memória do meu tio Eduardo Lopes. Na passagem do ano de 2012 para 2013, lembrei-me dele. Passaram-se já 16 anos sobre o seu falecimento. Pesquisei na Internet se constava algo sobre ele. Sabia que tinha sido um grande ciclista, mas estava longe de imaginar que tinha sido um Grande Campeão. Desde logo, a pesquisa revela algumas fotos de vitórias suas datadas de 1938, constantes no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Outro link conduz-me até ao Cycling Museum, um website holandês, que comporta o arquivo de todos os ciclistas, os seus palmarés, equipas e provas velocipédicas a nível mundial. Sem dúvida alguma, o maior e mais completo website de ciclismo de competição a nível mundial. Mais de 100.000 ciclistas ali inseridos. Um colosso. Foi aí que me deparei com o seu extenso e precioso curriculum desportivo. O meu tio foi, não só um grande ciclista e um grande campeão, mas também um grande homem, com muitas capacidades intelectuais. Tinha uma sólida formação em soldadura, adquirida na Escola Profissional da C.U.F., que o levou inicialmente a desenvolver a sua actividade na construção de quadros de bicicletas, com oficina aberta e depois, na sua odisseia por terras de África, em Angola, onde orienta e acompanha a construção do oleoduto ("pipe-lines") de Luanda, da Petrangol. Com a independência, retorna à metrópole, onde nos finais dos anos 80, dá formação em soldadura nas instalações do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ). Elaborou vários manuais volumosos de soldadura, teórico e práticos, muito completos e minuciosos (tive a grata oportunidade de os manusear quando mos emprestou no início da minha actividade profissional), de apoio à sua actividade, infelizmente extraviados. Se tivesse vivido nos EUA, certamente teria sido admitido na American Welding Society (AWS) e sido certificado como um "Certified Welding Engineer (CWEng)".
Até Sempre Tio!
Imensas Saudades.
Nunca serás esquecido.

Eduardo Cunha Lopes

NOTA: Fotobiografia de Eduardo Lopes

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Singela Homenagem

ANTÓNIO RODRIGUES GAMEIRO
(1928-2011)


MAIS DE CINQUENTA ANOS AO SERVIÇO DA ENGENHARIA E DOS ENGENHEIROS TÉCNICOS

Desapareceu um dos grandes lutadores pela causa dos Engenheiros Técnicos em Portugal, e um dos grandes obreiros da Ordem dos Engenheiros Técnicos.
Concluiu o curso de Construções, Obras Públicas e Minas em 1953, no então denominado Instituto Industrial de Lisboa.
Desenvolveu a sua longa e intensa actividade como projectista, empresário e gestor, deixando o seu nome ligado a inúmeros empreendimetos e obras de engenharia civil.
Engenheiro técnico de elevada competência, foi um profissional de alta craveira e um grande lutador, sempre disponível e solidário na defesa da justiça e dos legítimos direitos da nossa classe.
Desde sempre com os engenheiros técnicos, colaborou com toda a disponibilidade, o maior empenho e rigor de procedimentos, o que o tornou como referência e um membro de consulta obrigatória na assunção de todas as posições e medidas para a nossa Classe.
António Gameiro, membro nº 1 da ANET/OET, foi o Presidente da Comissão Instaladora da ANET, nomeado por Portaria de Sua Excelência o Ministro do Equipamento, do Planeamento e Administração do Território.
Várias vezes chamado a participar nos órgãos dirigentes da nossa organização, integrou o Conselho Deontológico da APET, foi Vice-Presidente da ANET, desempenhava actualmente as funções de Conselheiro do Conselho da Profissão da ANET e Coordenava o Gabinete Técnico da ANET.
Pertencia ao grupo restrito dos engenheiros técnicos portugueses, que recebeu o Título de Eur Ing, tendo sido Vice-Presidente do Comité Nacional da FEANI. À família enlutada, a nossa solidariedade e as nossas sentidas manifestações de pesar.
Os engenheiros técnicos perderam um ilustre Colega. Saibamos honrar a sua memória seguindo o seu exemplo de Engenheiro Técnico e Homem.

Copyright © 2011 ANET-Website Oficial

O texto acima é o oficial, publicado no website da ANET. Pela minha parte, não quero de deixar aqui de relembrar o colega e amigo que conheci, apesar da geração que nos separava, quando iniciei a minha prática profissional, já lá vão mais de 20 anos. O tempo voa. E de que maneira... Foi com uma enorme mágoa que tomei inesperadamente conhecimento da sua partida. Apesar da idade já um pouco avançada, ainda há cerca de um ano me cruzei com ele e parecía-me bastante bem. No meu percurso profissional, tive a oportunidade de constatar a sua rectidão de carácter, verticalidade e forte personalidade. Algumas obras nos cruzaram neste caminho, que é a Vida, com uma brevíssima passagem pelo IMOPPI, pelo prestigioso convite que me dirigiu na altura para o integrar e que nos deixam saudades do seu grande profissionalismo, humanismo e companheirismo, só apanágio dos Grandes Homens.

Até Sempre!
Eduardo Cunha Lopes

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Homenagem


Prof. Dr. Eng. Edgar Cardoso

(1913 - 2000)


É um dos maiores génios da engenharia civil nacional e internacional. Edgar Cardoso executou mais de meio milhar de estudos e projectos. Para ele, a engenharia era o equivalente a um romance fabuloso que só aquele escritor poderia escrever: irrepetível e único. Irreverente, gostava de inovar em cada trabalho. Engenheiro, arquitecto, professor e investigador, notabilizou-se pelas pontes que projectou. “Arquitectonicamente, são obras de arte”, admira o arquitecto José Manuel Fernandes. Para Edgar Cardoso o trabalho era uma causa nobre. Não era um suicídio absurdo nem uma maneira de passar o tempo.

Nascido em 11 de Maio de 1913 no Porto, Edgar Cardoso tem um currículo invejável. Formou-se em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1937. No ano seguinte iniciou a carreira profissional na Direcção dos Serviços de Pontes da Junta Autónoma das Estradas, organismo que lhe adjudicou a elaboração dos anteprojectos da Ponte da Arrábida, no Porto, uma das suas obras mais emblemáticas. É a ponte portuguesa com o maior arco em betão e um exemplo da preocupação de Cardoso em integrar a obra concebida na paisagem. Também a Ponte São João, no Porto, a Ponte da Figueira da Foz ou a Ponte Nobre de Carvalho, em Macau, são prova deste princípio que norteia o seu trabalho.

Todas as pontes se distinguem, aliás, pela imponência da estrutura, estética e leveza. Verdadeiras esculturas que resultam de um empenho feroz do autor em surpreender. Edgar Cardoso tinha apetência para romper com os regulamentos. Recusava as soluções-padrão. Uma linha de pensamento que colidia com o espírito conservador dominante. Ficou conhecido pela personalidade polémica. Ficaram famosos episódios controversos, como os pulos que deu sobre a pala do Estádio de Alvalade para atestar a sua segurança, atitude que lhe assegurou inimizades no Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Registado ficou também o alarme público sobre o mau estado de conservação das infra-estruturas portuguesas. Edgar Cardoso não se contentava com a mediocridade. Para ele, querer o impossível é a melhor maneira de realizar o possível.

Com extraordinária capacidade inventiva e habilidade manual, Cardoso construía modelos ou maquetas das suas estruturas em diversos materiais - gesso, cortiça, cartão, etc. - e media, com aparelhos inventados por si, o seu comportamento estrutural. Na altura, a prática era recorrer a modelos numéricos, mas o arquitecto foi pioneiro na utilização dos modelos físicos (1939-1940). Com isso, fez escola em Portugal. “Há matemáticos intuitivos. Ele construía a partir de modelos, da sua habilidade táctil, de sentir as coisas e a força das peças, e não tanto a partir do cálculo enquanto matemática pura”, explica o arquitecto José Manuel Fernandes. O seu desprezo pelas fórmulas matemáticas era sobejamente conhecido.

A dura e irascível personalidade de Edgar Cardoso era também notória nas aulas. Foi professor catedrático no Instituto Superior Técnico, actividade que interrompeu entre 1975 e 1980 por ser acusado de defender o antigo regime. Não suportava ouvir despropósitos dos alunos e não perdia oportunidade de ridicularizá-los, “não para destruir”, dizia, mas para “obrigar a bem construir”. Marcou uma geração. Hoje, muitos engenheiros seguem os seus ensinamentos, métodos de observação e modelos físicos.

Edgar Cardoso projectou ainda o prolongamento do Aeroporto da Madeira, os suportes da alameda do Parque Eduardo VII sobre a Estufa Fria, o Cine-Teatro Império, os hotéis Aviz e Sheraton, em Lisboa, os edifícios das faculdades de Letras, Medicina e Matemática da Universidade de Coimbra, a Ponte Cuanza, em Angola, e a Ponte Zambeze, em Moçambique. Como disse, em Junho deste ano, o primeiro-ministro José Sócrates à Agência Lusa, Edgar Cardoso “fez muito pela internacionalização da construção civil portuguesa”.